EVITE A FATIGA NO CONFINAMENTO

Cansado da pandemia e do confinamento? É normal. Mesmo estando em casa, torna-se difícil de manter uma rotina, separando a vida profissional da vida pessoal, sem descurar cuidados de proteção. No entanto, é muito importante manter estes comportamentos, para que não sucumba à fatiga durante este novo período de confinamento.

A Ordem dos Psicólogos partilha alguns conselhos que deve seguir:

Saiba que sentir-se cansado e desmotivado é normal
O psiquiatra Pedro Morgado defende que “é normal sentirmo-nos ansiosos, preocupados e tristes e é importante salientar que a maioria das pessoas acaba por se adaptar e encontrar a tranquilidade necessária para lidar com a adversidade dos nossos dias.”
A pandemia exigiu uma “grande capacidade de adaptação” e que “é natural” que as pessoas se sintam “fartas” da situação; afinal, a pandemia dura há meses e o seu fim ainda está longe. Após tantos meses com limitações, sacrifícios e incertezas, é natural sentir falta de motivação para continuar a seguir as orientações – no entanto, é ainda importante agora seguir os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde.

É importante manter uma rotina (e planos para o futuro)
Definir uma rotina “é algo fundamental para o funcionamento do nosso organismo e para o nosso bem-estar físico e psicológico”, garante Pedro Morgado. Mesmo em confinamento, ajuda continuar a adotar certos comportamentos como se nada tivesse mudado, como vestir-se para trabalhar, alimentar-se de forma adequada e regular, praticar exercício físico e separar os períodos de trabalho e de descanso/lazer com muita clareza. Estas medidas ajudam-nos a preservar não só a normalidade, mas a nós próprios também.

É igualmente importante ter planos diferentes para os dias de folga e fazer planos para o futuro, mesmo a curto prazo (como uma caminhada ou uma videochamada no fim-de-semana). Até pode planear uma viagem para mais tarde, quando for possível viajar em segurança e sem restrições, para que não perca a esperança para um futuro quando tudo voltar ao normal.

Não descurar cuidados, apesar do cansaço
Por muito cansados que possamos estar, há cuidados que não podem ser descurados. O uso de máscara, a lavagem ou desinfeção das mãos e o distanciamento social são comportamentos importantes que não podemos deixar esquecidos.
Com a repetição constante, estes tornar-se-ão num hábito que não requer esforço. Deixe o desinfetante e a máscara sempre à mão, para facilitar o seu uso.

O bem-estar deve ser prioridade
A constante exposição ao stress nestes tempos de incerteza é um fator de risco para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.
Dessa forma, é preciso colocar o seu bem-estar em primeiro lugar. Em tempo frio, é importante comer bem e privilegiar uma alimentação saudável e variada (com frutas e leguminosas), fazer exercício físico e sair para espaços verdes ou apanhar sol para estimular a produção de vitamina D.

Procure também atividades que promovam o bem-estar, sempre com atenção ao risco associado, como: ler, escrever, desenhar, pintar, jogar, ver filmes ou séries, cozinhar, tratar das plantas, ligar a amigos ou familiares.

Evitar álcool, drogas e outros comportamentos abusivos
Ainda que possam parecer uma escapatória fácil à realidade e uma boa forma de passar o tempo, não abuse de consumos que causem dependência, precisamente por terem um efeito oposto ao esperado.

A ideia de que o álcool ajuda a dormir também não é correta; pode parecer que se adormece mais facilmente, mas o sono é de menor qualidade. Garanta que os consumos de substâncias aditivas e os hábitos de jogo e consumo da Internet se fazem de forma moderada.

Aprender a desligar das redes sociais e das notícias
Ouvir notícias sobre a pandemia todos os dias, olhar para o email ou computador fora das horas de trabalho ou passar muito tempo a fazer scroll pelas redes sociais podem ter um efeito nocivo na saúde mental.
É importante aprender a desligar, mesmo que seja só durante umas horas ou durante um dia, e saber reduzir o tempo dedicado a cada uma destas tarefas.

Numa altura de restrições, é preciso estar-se informado, mas não de forma compulsiva. Verifique as notícias sobre a pandemia uma vez por dia, ou até passe mais do que um dia inteiro sem ter contacto nenhum com essa realidade. Os órgãos de comunicação social tendem a exacerbar de alguns medos, contribuindo para o aumento dos níveis de ansiedade.

Separar o trabalho da vida pessoal
Com o confinamento, regressa o teletrabalho para muitos portugueses. Embora este regime tenha algumas vantagens, como perder menos tempo em deslocações, também existem desvantagens. Pode haver uma maior pressão para demonstrar o seu valor na organização onde trabalha para garantir o seu emprego, já que a segurança e estabilidade laboral são importantes em tempos de crise.

O desequilíbrio entre estas duas esferas pode levar a um aumento do stress e de outros problemas como a ansiedade, depressão ou consumo problemático de substâncias. Pode ainda afetar a produtividade, a satisfação com o trabalho e ter um impacto negativo nas relações parentais ou conjugais.

A Ordem dos Psicólogos recomenda que o trabalhador saia do local de trabalho durante a pausa para almoço e que defina um alarme para se lembrar de fazer pausas regulares (seja em teletrabalho, seja presencialmente). Crie uma rotina que facilite a transição psicológica do contexto casa-trabalho para casa-família (e vice-versa): dê um passeio a pé ou beba um café à janela antes de iniciar o dia de trabalho.

É também importante comunicar as suas necessidades à entidade patronal, tentando negociar prazos irrealistas ou a forma como o trabalho está organizado, e investir no desenvolvimento de boas relações com os colegas. Saiba dizer que não quando as tarefas pedidas são irrazoáveis e não esqueça as coisas básicas como dormir horas suficientes.

Não ter receio de falar ou pedir ajuda
Se chegar a uma altura em que se sente sobrecarregado pelos seus sentimentos e pela realidade que o rodeia, fale do que sente com familiares, amigos ou pedir ajuda profissional. “Quem sentir que a ansiedade e a tristeza provocam um sofrimento e uma disfuncionalidade importantes deve procurar apoio junto de amigos e familiares, contactar a linha SNS24 de Apoio Psicológico e recorrer à ajuda profissional do médico de família, de um psicólogo ou de um psiquiatra”, recomenda Pedro Morgado.

Caso não se sinta bem psicologicamente, é aconselhável que procura ajuda e contacte profissionais e entidades de apoio que se disponibilizaram a ajudar durante este período que vivemos.

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