De forma simples, a obesidade é a consequência de um balanço energético positivo: a quantidade de calorias ingerida é superior à quantidade despendida. Esta diferença é armazenada no organismo sob a forma de gordura que, ao ser acumulada em valores excessivos, pode afetar a saúde do paciente.
É importante salientar que, ao contrário da perceção generalizada do público em geral, a obesidade não é o resultado da indisciplina ou da falta de “força de vontade” em que o doente ingere uma quantidade excessiva de alimentos aos quais não consegue resistir por fraqueza ou não tem atividade física suficiente por indolência. Desta forma, e tendo sempre este ponto em mente, deve retirar-se a culpa, que frequentemente pende sobre o doente obeso, de que é o responsável pela sua doença. Esta atitude estigmatizante, e muitas vezes discriminada, causa um sofrimento adicional significativo e inútil, reduzindo a sua autoestima e comprometendo os resultados de um tratamento em curso.
Existem vários fatores que podem originar o aparecimento da obesidade – desde a alimentação, fatores genéticos, ambientais (estilo de vida), sociais ou psicológicos -, sabe-se hoje que alguns problemas hormonais ou do foro neurológico ou causado por certos tipos de medicação pode levar ao surgimento desta doença.
Atualmente, estima-se que 39% da população mundial tem excesso de peso ou obesidade. Na Europa, 47% da população sofre de excesso de peso ou obesidade e é responsável por 2 a 8% de todos os custos relacionados com saúde e 10-13% de todas as mortes.
Em Portugal, estes números são bastante semelhantes, 42% da população portuguesa tem excesso de peso ou obesidade. A obesidade infantil cresceu de forma alarmante nos últimos anos. Este tipo de obesidade correlaciona-se fortemente com risco aumentado de vários tipos de doenças – cardiovascular, diabetes, doenças psicológicas, baixo aproveitamento escolar e baixa autoestima.
Esta patologia pode ser avaliada com recurso ao valor do Índice de Massa Corporal (IMC) e ao perímetro abdominal (PA).
O IMC permite obter o valor da razão entre o peso e a altura da pessoa.
Dessa forma, os valores de referência são os seguintes:
– Baixo peso ≤18,5
– Peso normal = 18,5 – 24,9
– Excesso de peso = 25
– Pré-obesidade = 25 – 29,9
– Obesidade = 30
– Classe 1 = 30 – 34,9
– Classe 2 = 35 – 39,9
– Classe 3 = 40
A limitação deste método passa pelo facto de ser uma medida bruta, baseada apenas no peso não tendo em conta outros pontos importantes como, por exemplo, a distribuição da gordura na composição corporal.
O perímetro abdominal é medido em centímetros e trata-se da distância entre o bordo inferior da grelha costal e a crista ilíaca. Ao contrário do IMC, este método correlaciona a distribuição abdominal da gordura mais nociva com a composição corporal e com o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Os valores de risco estipulados pela OMS são os seguintes:
Sexo M | Sexo F | |||
Risco Aumentado | ≥ 94 |
|
||
Risco Substancialmente Aumentado | ≥ 102
|
≥ 88 |
Existem algumas “regras” ou sugestões que pode incluir na sua rotina de forma a combater hábitos sedentários e diminuir riscos associados:
– Siga uma dieta equilibrada e variada e coma porções recomendadas. Modere a quantidade de comida que ingere diariamente e o tipo – corte nos alimentos processados, com açúcar e gorduras saturadas, reduza o consumo de carnes vermelhas, manteigas e lacticínios com alto teor de gordura. Para além disso, evite estar muito tempo sem comer. Faça uma refeição a cada 2-3 horas, desta forma está a assegurar que se mantém saciado e está a estabilizar o açúcar no sangue e a insulina.
Dietas relâmpagos não são uma solução, procure um profissional especialista que o ajude a encontrar a melhor forma de alcançar os seus objetivos.
– Pratique exercício físico – saiba mais sobre a importância de praticar exercício físico para a sua saúde aqui -, apesar de este conselho não ser uma novidade, é importante falar sobre o tema pois são vários os benefícios em praticar desporto regularmente. Faça atividades que sejam prazerosas, no final, o importante é que se mexa e o faça com regularidade.
– Evite o stress. Esta é uma das dicas mais complicadas de manter. O stress, quando em excesso, pode ter um efeito nocivo no corpo e na mente. Este estímulo pode desencadear uma resposta no cérebro que altera os padrões alimentares e leva ao desejo por alimentos mais calóricos que devemos consumir apenas em quantidades mais pequenas e em períodos de tempo separados.
No caso de sentir que está com o peso acima do indicado ou de se sentir desconfortável com o seu peso atual, procure um médico ou especialista que poderá ajudar com o processo, criando um tratamento completo que o ajudará a recuperar o peso tão almejado e a autoestima.
Não desista, cuide de si!